sábado, 21 de março de 2009

— Posso falar com o seu neto, a sós, na rua? — perguntei à vizinha do R/C.
— Com certeza Sr. lp (e em voz alta) Nélinho! vem cá...
E o miúdo apareceu não sem antes ouvir outra chamada.
Simone, entrementes, tinha-me dito:
— Vou andando lp. Vou pela ama a buscar o meu filho — deu-me um beijo e arrancou.
Na rua, na rua onde nasci, onde vi crescer num terreno bravio as "casas económicas" do Estado Novo, onde me vejo ainda de calção encostado ao Aqueduto, onde ainda me lembro de ouvir o apito do comboio vindo do túnel, nessa rua morna com uma carvoaria taberna, digo ao puto com ar severo:
— Vais contar a verdade, ouviste bem? Se o não fizeres queixo-me de ti a teu pai e falo com o director da escola; andas um mês inteiro com orelhas de burro.
— Eu nunca tinha visto Sr. lp… nunca tinha visto — disse o Nélinho a fingir que chorava.
— Conta-me o que fizeste naquela noite. Eu já sei tudo, mas exijo que te confesses.
E o puto confessou.
lp

1 comentário:

Anónimo disse...

Cronicas belissimas!!!