terça-feira, 29 de dezembro de 2009

E Paris era uma Festa

Corríamos juntos pelos parques
enquanto os gatos mijavam o seu sonho
(que é eterno) na arte déco
dos candeeiros; subíamos de imediato a escada
carregados com aqueles despojos inúteis
que o amor cobrava em seus eléctricos.
Às vezes escoltávamos mortos memoráveis,
outras vezes eram mortos de serapilheira
que dos degraus apregoavam
paraísos de lata fugaz e estúpida;
mortos, mortos de opereta,
noctâmbulos, princesas ou tartufos
que roubavam ao vinho umas cintilações
e logo se tombavam em nosso passeio,
como se não fosse nada.

Corríamos juntos pelos parques
cegados pelo sol, suas fogueiras.

Manuel Moya
(tradução de Rui Costa)

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